domingo, 11 de julho de 2010

"Do be do be do do do oh-oh" (2x)

Toda vez que chego com boa bagagem de conteúdo observativo, visual e artístico passo dias à flor da pele e pulverizando informações.

Referências humanas e musicais foi o que mais trouxe, de fato, é o que mais gosto de trazer e faço muito pouco esforço para colecionar qualquer coisa diferente disso.

O mais interessante em escrever no momento de "intensa atividade paranormal", vulgo aflição, é poder (re)conhecer nossos próprios limites e registrar como encaramos fatos ocorridos como a primeira foto tirada, aquela em que ninguém faz pose (inclusive você) ou fecha os olhos (como você fez), outro está com a boca aberta (e você também) e assim por diante.

É como se tivesse encontrado um rascunho, feito no papel que embrulha pão para ser passado a limpo numa segunda-feira qualquer. Lá estava escrito assim:

"Carrego, sim, um saquinho cheio de areia. Guardo com cuidado dentro da mochila. Assim construo meus castelos onde e como quiser e quando chove devolvo tudo no pacote e levo pra casa. Proteção pura.
Tirei o saco de areia da mochila e brinquei com o conteúdo, fazendo com que corresse por entre os dedos...

Nenhuma novidade no seu apego e zelo com o passado. Isso justifica o comprometimento com a integridade física e moral deste passado, além do fato de querer (além de precisar muito!) estar perto, presente e disponível para tudo isso que passou, mas que não quer que passe adiante de verdade.
Nenhuma novidade nas escolhas dos próximos exatamente porque te mantêm onde não quer deixar de estar e, principalmente, onde não suportaria ser parte do que já foi ou acabou. Talvez eu fizesse o mesmo, ou não.
Nenhuma novidade na sua vontade de ter um passado novo que seja mais colorido e menos limitado. Contar novas histórias oxigena o cérebro e deixa as histórias antigas com inveja (branca, claro!).
Penso que tamanho empenho para tanta perfeição pode esgotar todas as suas energias. Então, ou tem energia suficiente ou sacrificará algo em nome disso. Voto na opção 2 e confesso que poderia fazer o mesmo, ou não.

... coloquei um pouco de areia no chão, continuei brincando. Até rascunhei um alicerce, apaguei em seguida...

Vi tanto jogo, egoísmo, falta de afeto e o pior, nada era espontaneo, em tudo havia estratégia previamente pensada.
Talvez não queriam que as coisas seguissem adiante porque o passado não quer ser esquecido e ficou enfurecido e descontrolado com tal possibilidade! Mas havia platéia para o show continuar e ele continuou.
Cena de rotina que ninguém mais se surpreende. Beira o comum, fica parecendo sem sal. Mas é o barulho e as luzes que alimentam essa fantasia. Não se sabe ao certo se a intensidade e qualificação é a mesma de todos os lados, o que se sabe é que respeito (do próprio e do coletivo) faz bem a saúde.
Existe em quantidade exorbitante uma tremenda confusão de valores, cargos e datas.

... foi o vento que chegou sem avisar e espalhou a areia no chão. Guardei tudo e fui procurar lugar mais adequado...

Que bom que achei equivocar-me com seus sinais. Todos eles.
Que bom que não me posicionei. Eu sempre espero a convivência nos dois ambientes para pensar nesse ítem.
Melhor ainda que não entrei na onda. Em nenhum momento me movi. Estava e estou no mesmo lugar de antes.

... talvez um espaço coberto e emparedado. Assim foi, desenhei um alicerce, só isso, sabia que não teria tempo nem matéria-prima para começar uma construção...

Que pena que não havia maturidade suficiente para caminhar.
Que pena que há tanto medo, comodismo e conformismo.
Que pena o discurso não achar lugar na vida real.
Que pena não se tranformar em conto!
Quis poder ter expectativas!
Que pena ter que me afastar sem ter me aproximado!
Que pena não ser surpreendida!
Meu Deus, que pena!

... que deveria ser imensa. Mas veio a chuva. tive que guardar tudo e ir embora para outro lugar."



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